MITO 7: “PIZZA WINS: NÃO TEMOS DINHEIRO, SOMOS POBRES...”
MITO 7: “PIZZA WINS: NÃO TEMOS DINHEIRO, SOMOS POBRES...”
Por que a PIZZA ganha do festival, festa ou show Gótico?
Dinheiro existe. Bastaria R$ 1,oo por dia para ir a dois festivais anuais como o Wave Summer ou WoodGothic; ou 3 ou 4 como o Deepland Festival. Se nós não separamos 30,oo por mês para algo é porque não temos interesse naquilo, simples assim.
Aí inventamos qualquer desculpa para justificar o desinteresse, porque é preciso justificar-se para a crítica online (aquela galera que não vai também, mas paga de polícia do status online, um lance quinta série mesmo) porque “TEM QUE” ir ou “tem que apoiar”, etc...
O “Ter que” – como comentamos no mito 6 -é o maior inimigo do prazer, até pizza, sorvete e sexo logo se tornam desinteressantes se você “tiver que”...
Voltando ao dinheiro e interesse: o Brasil é pobre? Não o suficiente...
Por exemplo, pouco mais de 10 anos atrás o Brasil era o mesmo Brasil e não estava muito melhor economicamente, mas raves anuais em SP chegavam a 4000 pessoas e mesmo festivais locais de bandas cover até a 1500 pessoas... Baseados em uma moda temporária, claro, mas isso mostra que dinheiro existe, quando há interesse e uma ética de prazer envolvida.
MAS Por que a Pizza, a bebida e outras coisas representam um gasto mais atraente? (Pizza wins!)
R: Porque se inserem na ética de prazer ou de interações sociais prazeirosas.
Mas por que outras coisas não conseguem fazer esse apelo des-racional?
Por que as outras interações sociais não parecem tão atraentes?
Porque éticas de dever, exclusividade e sacrifício sempre são menos atraentes.
Em termos cínicos, são marketing suicida, a menos que seu objetivo não dito seja realmente desenvolver elites pseudo-culturais ou reduzidas. Aí sim, nessa lógica é necessário fracassar – ou permanecer em um círculo restrito - sempre para manter o status e o valor cultural dos artefatos e rituais sociais.
A lógica e discurso “troo” (ou “raiz”, segundo a nova gíria) – com o discurso de promoção da cena nacional, é assim a que mais a prejudica, afastando o público das bandas e festivais.
Mercados de raridades garantem sua sobrevivência e alto status, mas tem um teto de crescimento muito baixo. Funcionam, mas é a lógica e ética oposta a necessária a shows e festivais musicais.
Não é o dinhero. Os problemas principais são outros: a mentalidade de seita underground, baseada no status da desgraça ou escassez compartilhada, e mercado de raridades, baseado no status de raridade compartilhada.
Ambas as dinâmicas convergem de pontos diferentes para os mesmos resultados negativos.
“Tem que”...apoiar a “cena” ?
Aí a Pizza e o “goró” sempre ganham...